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Coronavírus: (Covid 19) Idosos de Pato Branco conversam por videochamada para enfrentar isolamento social

Segundo a prefeitura, município é o único do Paraná com o certificado ‘Cidade Amiga do Idoso’ da OMS; atividades online buscam minimizar a falta de convívio social na quarentena.

Por Mari Kateivas, G1 PR — Foz do Iguaçu

Era para a Terezinha e o Antônio Bordin, de 75 anos, fazerem aula de música nesta semana. Ela toca acordeão e ele viola, mas a pandemia do novo coronavírus mudou a rotina do casal e de vários outros idosos de Pato Branco, no sudoeste do Paraná.

A diferença na “Cidade Amiga do Idoso”, a única do Paraná com esse certificado da Organização Mundial de Saúde (OMS), é que Secretaria de Assistência Social buscou alternativas para tentar amenizar as dificuldades do isolamento social, desse grupo de risco, com a ajuda da internet.

Diariamente, profissionais da secretaria e voluntários se encontram em “visitas online”, por meio de videoconferência, para conversar e falar sobre o dia a dia dos idosos. O bate-papo pode ser individual ou em grupo.

“Se você não tem contato com ninguém parece que o mundo acabou. Quando você vê que tem pessoas que se lembram da gente e querem conversar é muito bom, e a tecnologia é ótima para isso”, contou Terezinha.

Os idosos aprendiam sobre tecnologia no município antes da pandemia, por isso, a prefeitura aproveitou o conhecimento dos alunos para manter o convívio social entre eles.

Segundo a prefeitura, as visitas online são realizadas de forma informal, como um bate-papo entre amigos, em Pato Branco.

O município que tem aproximadamente sete mil idosos e cerca de 300 participam das ações da secretaria,  é um dos seis do Brasil que recebeu o certificado internacional da OMS, que é entregue para cidades que promovem, de diferentes formas, mais qualidade de vida aos idosos. As demais cidades são Jaguariúna (SP), Balneário Camboriú (SC), Esteio, Veranópolis e Porto Alegre (RS).

Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da OMS, existem 847 dessas cidades e comunidades em 41 países que fazem parte da rede global.

Mudanças na pandemia

A Secretaria de Assistência Social informou que também tem entregado atividades para recorte, colagem e pintura, além de cartas, na casa dos idosos.

De acordo com a coordenadora municipal do programa “Cidade Amiga do Idoso”, Tânia Raber Bertelli, toda forma de manter o convívio social e o desenvolvimento deles é essencial para ajudar durante o isolamento.

“É muito importante que eles não se sintam sozinhos. Tentamos minimizar os riscos do isolamento, pois para o idoso pode ser mais drástico, já que é ainda mais difícil para ele se adaptar a uma nova rotina.”

Troca de experiências

As visitas online, realizadas pela prefeitura, contam com o apoio de voluntários para conversar com os idosos.

Géri Natalino Dutra, de 49 anos, é professor e voluntário no projeto. Para ele, a experiência tem sido uma troca enriquecedora.

“É bom ter essas conversas porque eles são cheios de experiência. É bom poder ouvir o relato deles, estar próximo para ouvir as histórias e repassar as nossas.”

Voluntário há 25 anos em diferentes projetos, Dutra recomenda a iniciativa para todas as pessoas.

“Não tem nada mais gratificante do que separar um tempo para falar com eles. Eles demonstram carinho e gratidão por você passar um tempo com eles. Você é quem está doando tempo, mas você é quem acaba ganhando mais com essa troca.”

Para a coordenadora Tânia, que trabalha há 20 anos com a Terceira Idade, o sentimento não é diferente.

“Depois que comecei a trabalhar com os idosos, percebi o quanto eles podem ser carinhosos quando percebem que são respeitados. Olhar nos olhos e dar atenção para eles é fundamental. Eles são muito amorosos. É um carinho, é um amor que vem do coração e essa é a maior retribuição.”

Terezinha e Antônio gostam de cantar para se distrair durante o isolamento social

Para Terezinha e o marido o período de isolamento tem sido difícil, pois o casal era bastante ocupado.

“Esse é um momento diferente, coisa que nunca aconteceu. De um momento para o outro você teve que mudar toda a sua rotina. Nós, por exemplo, que saímos muito, tínhamos atividades fora de casa todo dia. Hoje não, agora a gente só pode ficar dentro de casa”, contou Antônio.

De acordo com Terezinha, além de participar das conversas por videochamada, eles tentam ocupar 100% do tempo para que o dia passe mais rápido e procuram dormir mais tarde para não levantar tão cedo na manhã seguinte.

“A gente procura não ficar ocioso, preenche todo tempo possível para não ficar triste.”

Idosos no Paraná

Quase 15% da população do Paraná é idosa, segundo o IBGE. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná tinha mais de 1,7 milhão de pessoas idosas em 2019, o que representa 14,98% da população do estado. Entre 2010 e 2019, conforme o IBGE, a população idosa do Paraná cresceu 44,3%.

Projeções da Organização Pan-americana da Saúde apontam que em 2060 a população de idosos do Paraná será maior do que o número de adolescentes com 15 anos.

 Cidade Amiga do Idoso

De acordo com a secretária de assistência social de Pato Branco, Anne Cristine Gomes da Silva Cavali, o município começou o processo de certificação “Cidade Amiga do Idoso” em 2017 e se tornou o município modelo para a aplicação do programa no Paraná.

Segundo a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf) do estado, 102 municípios do Paraná aderiram ao programa “Cidade Amiga do Idoso” até o final de março de 2020.

Para receber o certificado da OMS, os municípios precisam adaptar as estruturas e serviços com acessibilidade para a inclusão de idosos.

Além disso, a cidade interessada deve ter em funcionamento o Conselho Municipal do Idoso e apresentar um plano de ação com o objetivo de beneficiar a pessoa idosa no transporte, moradia, serviços de saúde e inclusão social, conforme a Sejuf.

Fonte:

 

https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2020/04/28/coronavirus-idosos-de-pato-branco-conversam-por-videochamada-para-enfrentar-isolamento-social.ghtml